A prática da corrupção na política brasileira não começou em 2002, com a chegada de Lula à presidência. Em todas as instâncias da sociedade – institucionais ou não – a corrupção esteve presente desde que o imperialismo português desembarcou por aqui. Quando a cultura do individualismo e da vantagem à qualquer preço é naturalizada naturaliza-se junto a prática da corrupção. A falta de mecanismos eficientes de controle faz do problema ainda maior.
Nesse sentido, a “faxina” promovida por Dilma, aplaudida por alguns setores político-partidários com interesses de aproximação com o governo e estimulada por outros setores midiáticos (com interesses ainda menos nobres nessa história) é pouco mais do que paliativa. Serve apenas para substituir algumas peças e rearranjar o espectro partidário da base de apoio. Para a mídia corporativa, fincar no governo petista a pecha da corrupção, enfraquecer Lula e promover uma caça às bruxas ao melhor estilo udenista (ou macartista) são benefícios diretos, enquanto o PSDB passa incólume.
Para a esquerda essa pauta não deve ser central. É preciso discutir os retrocessos sociais do governo Lula / Dilma, seus diversos entraves, a falta de preocupação ambiental, a inexistência de políticas de empoderamento popular, o crescimento do lucro empresarial, a falta de uma reforma agrária séria. O debate da corrupção é ineficiente e desvia a atenção de temas fundamentais para pensarmos o país.
O verdadeiro combate à corrupção é o ataque a suas origens, passando por uma profunda mudança cultural, necessariamente coletivista, e pela implantação de mecanismos eficientes de controle, que passam invariavelmente pelo controle popular, não burocrático, do aparelho do Estado e do poder de decisão. O resto é varrer a sujeira para debaixo do tapete.
Fonte: editorial da 26ª edição do Jornalismo B Impresso